sexta-feira, 20 de junho de 2008

Da contabilidade de custos à gestão estratégica de custos

Revista Contabilidade & Finanças
ISSN 1519-7077 versión impresa
Rev. contab. finanç. v.18 n.43 São Paulo ene./abr. 2007
doi: 10.1590/S1519-70772007000100001
EDITORIAL


Na evolução dialética tese-antítese-síntese, a Nova Economia Institucional veio aperfeiçoar a Teoria Neoclássica da firma, trazendo consigo, entre outros artefatos, a Teoria das Organizações Industriais e a Economia de Custo de Transação. No contexto dessas novas abordagens, a Gestão Estratégica de Custos vem provocando importantes transformações.
À clássica separação dos custos em fixos e variáveis em relação ao volume de produção, a GEC soma o reconhecimento de que vários outros fatores, além do volume, interagem de forma complexa para explicar a variabilidade dos custos. A análise, gestão e mensuração de custos passam então a requerer uma visão mais ampla, por meio de direcionadores.
À clássica segregação dos custos de produção em diretos e indiretos em relação aos produtos, a GEC soma o reconhecimento de que sorrateiros são os custos de overhead, que se insinuam e se avolumam tanto na produção como na administração. Novamente, para medir e administrar esse novo vilão, uma nova visão e postura fazem-se necessárias.
O clássico Custo Padrão, nascido na segunda metade do Século XIX para planejamento e controle de custos de produtos de longo ciclo de vida, tende a ser substituído, no Século XXI, pelo Custo Alvo.
O clássico custo unitário médio do produto, apurado a cada período contábil - cuja existência os fundamentalistas sempre negaram - tende a ser substituído pelo custo total do produto ao longo de todo o seu - agora curto - ciclo de vida. Chegaram ao paraíso?
À clássica e limitada visão dos custos da empresa, a GEC soma a análise de custos da cadeia de valor e a gestão de custos interorganizacionais. Daí surge uma nova unidade de natureza econômico-contábil ainda carente de estudos e pesquisas.
À clássica demonstração de custos por natureza e por centros de custos, a GEC acrescenta o reporte de custos por atividades, separando as que adicionam das que não adicionam valor.
Da clássica e limitada visão dos custos apenas da empresa passa-se à análise do custo dos principais concorrentes.
Vê-se, portanto, que a Gestão Estratégica de Custos configura-se como um novo e promissor campo para pesquisas, como já vislumbrava Nakagawa há quase quinze anos atrás.

Welington Rocha Professor do Departamento de Contabilidade e Atuária da FEA-USP


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